Empresas do agronegócio com faturamento de R$ 2 bilhões são suspeitas de sonegar R$ 500 milhões em impostos
Empresas simulavam a fabricação de ração animal para obter isenção fiscal, segundo a Receita Estadual. Mais de 70 empresas são investigadas. Empresas do ...
Empresas simulavam a fabricação de ração animal para obter isenção fiscal, segundo a Receita Estadual. Mais de 70 empresas são investigadas. Empresas do agronegócio são suspeitas de sonegar R$ 500 milhões em impostos em Goiás Divulgação/Receita Estadual 73 empresas do agronegócio são suspeitas de sonegar R$ 500 milhões em Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em diversas cidades de Goiás. De acordo com a Receita Estadual, a operação identificou que a sonegação aconteceu neste ano. As empresas, que faturaram R$ 2 bilhões, simulavam a fabricação de ração animal para obter isenção fiscal. “Foi constatado que 100% dessas empresas nunca fabricaram um grão de ração. Elas se autodeclaravam de forma falsa e utilizavam um benefício, promovendo concorrência desleal com todos os outros contribuintes do estado que pagam seus impostos regularmente”, explicou Gabriela Vitorino, superintendente de fiscalização regionalizada da Receita Estadual. ✅ Clique e siga o canal do g1 GO no WhatsApp O g1 não localizou a defesa das empresas até a última atualização desta reportagem. As informações sobre a operação "Fora do Mapa" foram divulgadas à imprensa nesta quinta-feira (28) em coletiva de imprensa na Secretaria de Estado da Economia. A investigação começou no início do ano, após uma vistoria em que uma das empresas simulou a produção de ração, conforme explicou a superintendente. "Colocaram uma máquina pequena, jogaram alguns sacos de grãos no local e alegaram que estavam produzindo ração. Detectamos que a máquina nunca havia sido utilizada, e isso nos alertou para esse problema que o estado vinha enfrentando”, detalhou Gabriela. LEIA TAMBÉM: Empresários do ramo de venda de ouro se tornam réus por sonegação de R$ 790 milhões em impostos Operação prende empresários suspeitos de sonegar impostos e causar prejuízo de R$ 250 milhões Operação combate sonegação de impostos em restaurantes de Goiânia Empresas do agronegócio são suspeitas de sonegar R$ 500 milhões em impostos em Goiás Reprodução/Denis Marlon Com base nisso, a Receita Estadual realizou um levantamento das empresas cadastradas como fabricantes de ração animal, o que revelou o esquema criminoso. Gabriela Vitorino informou que 40% das empresas investigadas estão localizadas em Goiânia e Rio Verde (confira a lista completa no decorrer da reportagem). Veja informações de como o crime acontecia, segundo a Receita Estadual: O contribuinte realizava um cadastro na Secretaria de Estado da Economia, e a Receita Estadual recebia as informações declaradas pelo próprio contribuinte. O contribuinte se autodeclarava fabricante de ração animal em seu código de atividade, o que lhe permitia usar o benefício fiscal oferecido pelo governo para não pagar o ICMS. Ao se autodeclarar fabricante de ração, o contribuinte conseguia oferecer valores menores na venda de grãos para os produtores. Segundo a Receita Estadual, as empresas investigadas foram identificadas pelas delegacias regionais de fiscalização das seguintes cidades: Goiânia, Rio Verde, Morrinhos, Jataí, Itumbiara, Goiás, Catalão, Porangatu, Formosa, Anápolis e Luziânia. O que pode acontecer com as empresas? Empresas do agronegócio são suspeitas de sonegar R$ 500 milhões em impostos em Goiás Reprodução/Denis Marlon A Receita Estadual informou que está realizando mais vistorias para confirmar a fraude e encaminhará o caso à Polícia Civil para a abertura de inquéritos. Gabriela Vitorino destacou que as empresas podem responder por falsidade ideológica e que também cometeram crime contra a ordem tributária. A superintendente explicou que, além da esfera criminal, as empresas também podem ser responsabilizadas na esfera tributária. “Nosso objetivo é desdobrar toda essa operação e garantir a punição de todos os envolvidos. Aplicaremos todas as infrações tributárias cabíveis e vamos buscar recuperar esses R$ 500 milhões de ICMS sonegados”, afirmou. Gabriela Vitorino também explicou que, após as vistorias, é aberto um processo para solicitar a suspensão do CNPJ da empresa. Alerta A superintendente da Receita explicou que o requisito básico para uma empresa ser considerada fabricante de ração é a inscrição no Ministério da Agricultura e Pecuária. Caso a empresa não possua essa inscrição, ela não pode ser classificada como fabricante de ração. Gabriela alertou os produtores e a população sobre os riscos de comercializar com esse tipo de empresa. “Se alguém chegar te oferecendo para comprar o seu grão por um valor superior ao do mercado, você precisa consultar se realmente essa empresa tem a inscrição no Ministério. Se você realiza essa operação, você desequilibra todo o estado. Nós precisamos defender a nossa arrecadação, proteger o estado e garantir uma concorrência justa. Alguns não pagam impostos, enquanto outros pagam, e isso desequilibra o mercado”, finalizou. 📱 Veja outras notícias da região no g1 Goiás. VÍDEOS: últimas notícias de Goiás