Operação da PF contra garimpo ilegal no Pará prende servidores públicos, empresários e apreende ouro e carros de luxo
Mandados foram cumpridos em cidades do PA, RJ e GO. Investigação apontou que os empresários pagaram aos servidores, durante meses, uma espécie de mesada par...
Mandados foram cumpridos em cidades do PA, RJ e GO. Investigação apontou que os empresários pagaram aos servidores, durante meses, uma espécie de mesada para facilitar a extração e o transporte irregular de ouro em terras indígenas. Operação da PF contra operações em garimpos ilegais cumpriu mandados em Santarém-PA Polícia Federal / Divulgação Uma operação da Polícia federal contra o garimpo ilegal de ouro na região do Tapajós, oeste do Pará, nesta quinta-feira (28), prendeu dois servidores públicos, dois empresários e apreendeu carros de luxo, ouro e joias. Além dos 4 mandados de prisão, foram cumpridos 21 mandados de busca, sequestro de bens e medidas cautelares de afastamento dos servidores da função pública. ✅ Clique aqui e siga o canal g1 Santarém e Região no WhatsApp Os mandados foram cumpridos em Santarém, Itaituba, Altamira, Rio de Janeiro e Goiânia. Não há informação sobre a quem pertence os 8 carros de luxo apreendidos. A quantidade de ouro e dinheiro recolhidos na operação não tinha sido contabilizada até a última atualização desta reportagem. Os nomes e os cargos dos alvos da operação Cobiça não foram divulgados oficialmente. O g1 apurou que os servidores presos são oficiais da Polícia Militar, sendo 1 coronel e 1 tenente-coronel, com cargos de comando em Itaituba, no sudoeste do Pará; e que os alvos de busca e apreensão em Itaituba, são: 1 major, 1 capitão, 4 sargentos e 1 cabo, todos da PM. Quanto aos empresários, os dois alvos da operação residem em Goiânia. Operação Cobiça: PF prende servidores suspeitos de 'ajudar' o garimpo ilegal na região O coronel preso, tem um apartamento de luxo em um edifício localizado no bairro Aeroporto Velho, em Santarém. O endereço foi alvo de busca e apreensão. Houve a necessidade de arrombar algumas portas nas residências dos dois oficiais da PM em Itaituba durante a operação da Polícia Federal. Além disso, um dos carros de luxo teria sido apreendido na residência de um policial militar em Itaituba. BMW apreendida no endereço de um dos alvos da operação Cobiça Polícia Federal / Divulgação De acordo com as investigações, há fortes indícios de que o ouro comercializado pela organização criminosa foi extraído de garimpos localizados no interior e no entorno da Terra Indígena Munduruku, uma das terras indígenas mais devastadas pela ação criminosa de garimpeiros. Segundo as investigações, os servidores públicos investigados receberam, durante meses sucessivos, uma espécie de mesada de empresas e outras pessoas investigadas para que facilitassem a extração ilegal e comercialização de ouro de terras indígenas e de área de reserva legal. Esses servidores, ainda de acordo com a PF, não só se abstiveram de reprimir os crimes ambientais cometidos pelas empresas, como atuaram na logística e na segurança do ouro ilegal. Joias apreendidas na operação Cobiça Polícia Federal / Divulgação Um dos investigados teria recebido R$ 4 mil por mês para fazer "vista grossa" à ação criminosa; outros dividiam R$ 10 mil mensais, com a função de estar à disposição das empresas, inclusive em horários de expediente e usando carro e outros materiais de trabalho institucionais. Outro dos investigados é empresário que já havia sido condenado três vezes por tráfico de drogas, além de ter condenações por receptação, tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação para o tráfico. Os crimes investigados na operação são: lavagem de dinheiro, usurpação de bens da União e organização criminosa. Desdobramento Segundo a Polícia Federal operação Cobiça surgiu a partir da operação Ganância, da Polícia Federal em Rondônia, em 2022, que investigou desvio de recursos públicos federais na prestação de serviços de UTI aérea. Busca e apreensão foi realizada em endereços do Pará, Rio de Janeiro e Goiânia Polícia Federal / Divulgação As empresas envolvidas no esquema teriam causado dano ambiental em área de 212 hectares, extraindo quantidade de minérios superior à permitida na guia de utilização expedida pela Agência Nacional de Mineração (ANM). As empresas declararam extrair minérios de terra indígena e de locais onde ela não teve atividade. Entre 2020 e 2021, o grupo econômico teve um rendimento estimado superior a R$ 1 bilhão, extraindo muito mais minérios do que o autorizado, em locais proibidos. VÍDEOS: Mais vistos do g1 Santarém e Região