Técnico de informática morre à espera de UTI, em Goiânia
Luiz Felipe Figueredo morreu três dias após a vaga ser solicitada, mas sem conseguir o leito. Secretaria Municipal de Saúde diz que ele estava com meningite....
Luiz Felipe Figueredo morreu três dias após a vaga ser solicitada, mas sem conseguir o leito. Secretaria Municipal de Saúde diz que ele estava com meningite. Técnico de informática, Luiz Felipe, que morreu à espera de vaga de UTI, em Goiânia Reprodução/Arquivo pessoal Lavínia Celice O técnico de informática Luiz Felipe Figueredo da Silva, de 30 anos, morreu enquanto esperava por uma vaga em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em Goiânia. À reportagem, a companheira dele, Lavínia Celice da Silva, contou que Luiz morreu três dias depois que a vaga foi solicitada, mas sem conseguir o leito. ✅ Clique e siga o canal do g1 GO no WhatsApp A vaga foi solicitada na última quarta-feira (20). No documento, é explicado que Luiz havia tido crises convulsivas e que a vaga na UTI seria para o tratamento de meningite. Luiz morreu no sábado (23) sem conseguir o leito. Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) disse que a causa da morte vai ser investigada pelo Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) do município, mas informou que, conforme prontuário médico, Luiz apresentava quadro de meningite. A reportagem ainda questionou sobre o tempo de espera pela vaga na UTI, mas a prefeitura não se pronunciou até a última atualização deste texto. A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) disse que localizou pedido de solicitação de vaga feito em nome do paciente Luiz Felipe, mas que não localizou vaga disponível vaga antes que o paciente morresse. A SES ainda explicou que, inicialmente, o pedido da vaga tinha sido feito para 'Luiz Felipe Figueiredo', e não 'Luiz Felipe Figueredo da Silva' (leia a nota completa no final da reportagem). LEIA TAMBÉM Saiba quem eram os pacientes que morreram à espera de UTI em Goiânia KATIANE SILVA: Vendedora morre à espera de UTI em Goiânia SEVERINO SANTOS: Aposentado morre à espera de UTI em Goiânia Crises convulsivas e espera por UTI A companheira de Luiz, Lavínia Celice, contou tudo começou na última segunda-feira (18), quando Luiz Felipe teve crises convulsivas e precisou ser levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA), do Jardim Novo Mundo. Ela detalhou que ele foi medicado e logo encaminhado ao Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol) para fazer exames de imagem. No Hugol, Luiz realizou uma tomografia e, após os profissionais da saúde alterarem a dosagem dos medicamentos dele, ele retornou para a UPA, onde esperava por uma vaga de internação. De volta na UPA, o técnico em informática seguiu consciente e estável, mas horas depois voltou a ter convulsões. "Ele teve, em 30 minutos umas 12 convulsões, aí eles deram bastante medicamentos e ele acabou dormindo por um tempo”, relembrou. Segundo Lavínia, na noite de terça-feira (19), o médico plantonista avaliou Luiz e disse que, caso as crises convulsivas não fossem controladas, ele seria entubado e sedado, para evitar eventuais danos neurológicos. Minutos depois, segundo ela, o companheiro reclamou de dores de cabeça, voltou a ter convulsões e foi entubado. Na quarta-feira (20), uma vaga de UTI foi solicitada. Lavínia detalhou que, enquanto Luiz esperava pela vaga na UTI, ele teve uma infecção e foi medicado com antibióticos para tratá-la. “Acabou que ele pegou uma infecção, estavam tratando com antibiótico. Não sabia onde estava, só que estava com uma infecção, isso na quinta-feira (21). Quando foi na sexta-feira (22) de manhã, o médico que estava de plantão falou que a infecção está diminuindo, ‘então vamos continuar o tratamento com antibiótico’. Ainda sexta, eu precisei ir para casa e paguei uma cuidadora para ficar com ele lá. Pouco depois, ela mandou mensagem: “olha, o médico passou aqui e disse que as funções hepática e renal dele estão comprometidas”, relatou a mulher. A companheira de Luiz chegou buscar a Defensoria Pública de Goiás (DPE-GO) devido à falta de resposta sobre a vaga de UTI. No entanto, após enviar os documentos solicitados, foi informada por mensagem que o juiz plantonista não considerou o caso de Luiz “urgente o suficiente para ser decidido no plantão e enviou o processo para outro juiz, não plantonista.” Segundo Lavínia, no sábado (23) pela manhã, Luiz sofreu uma parada cardiorrespiratória e não resistiu. Ao g1, a Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-GO) informa que ingressou com ação judicial requerendo o leito para Luiz Felipe Figueredo da Silva no dia 22 de novembro, às 10h20, mas que não houve decisão. Falta de vagas Severino Santos, Katiane Silva e Janaína de Jesus morreram em Goiânia Reprodução/TV Anhanguera e Reprodução/Redes sociais Severino Santos, Katiane Silva e Janaína de Jesus morreram na última semana enquanto aguardavam vagas para Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Goiânia. As famílias relataram que lutaram na Justiça para conseguir atendimento adequado, mas o serviço de saúde pública não forneceu a tempo. "A gente se sente abandonado. A gente lutou tanto. Todo dia a gente estava lá visitando ele, levando as coisas que precisava, que eles pediam. E para nada. A gente tentou, a gente não parou. E, no fim, aconteceu isso", desabafou a prima de Severino Santos, Lúcia Cleide Leão. No caso de Severino Santos, a Justiça determinou, um dia antes de sua morte, que o serviço público estadual ou municipal o transferisse para um leito de UTI em até quatro horas. Caso não houvesse vaga disponível na rede pública, a decisão judicial estabelecia que o paciente fosse transferido para um hospital privado, com os custos cobertos pelo SUS. A Justiça fixou uma multa de R$ 5 mil por hora de descumprimento, limitada a R$ 50 mil. No entanto, a decisão não foi cumprida. Nota da SES-GO na íntegra: "A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) informa que, após verificação detalhada no sistema de regulação, localizou pedido de solicitação de vaga feito em nome do paciente Luiz Felipe Figueredo da Silva. O pedido de informações inicial havia sido feito em nome de Luiz Felipe Figueiredo, que de fato não possui pedidos lançados junto à Regulação Estadual. A pasta realizou a busca nas unidades com perfil para atendimento do caso na rede estadual, mas, infelizmente, não localizou vaga antes que o paciente fosse a óbito. Nesta segunda-feira, a SES-GO, a equipe de transição do Prefeito eleito de Goiânia, Sandro Mabel, e a SMS da capital se reuniram para deliberar medidas que serão adotadas para evitar a continuidade de situações como a mencionada. O Estado estabeleceu um plano de fortalecimento, que garante o repasse mensal de R$ 2 milhões da SES-GO, a partir de janeiro, para o Fundo Municipal de Saúde de Goiânia, por 12 meses, garantindo a abertura de mais 20 leitos de UTI no Hospital Ruy Azeredo, totalizando o cofinanciamento de 47 leitos SUS conveniados em funcionamento na unidade privada. A expectativa é de que novos leitos também sejam abertos na Santa Casa de Misericórdia de Goiânia, garantindo a assistência adequada aos moradores da capital." 📱 Veja outras notícias da região no g1 Goiás. VÍDEOS: últimas notícias de Goiás